31 janeiro, 2011

Importe-se, lembre-se

Importe-se que o tempo não espera;
Lembre-se que o "teu tempo" acaba.
Importe-se com o hoje;
Lembre-se que o hoje, já foi ontem.
Importe-se com teu corpo, com tua alma;
Lembre-se que o teu corpo sem alma, nada vale.
Importe-se com o planeta;
Lembre-se que outro planeta não há água, ar...
Importe-se com tua casa, trabalho, escola;
Lembre-se tua casa é teus pés no chão, 
teu trabalho ganha pão e tua escola é educação.
Importe-se com teus familiares, amigos;
Lembre-se quem sempre lhe estende as mãos.
Importe-se em amar;
Lembre-se sem amor, nada valeria;
Importe-se com o início;
Lembre-se tudo terá um fim.
Importe-se com Deus;
Lembre-se que Ele é razão e dono do seu
coração, do tempo, da vida...




25 janeiro, 2011

A rosa

Sabe aquela noite em que o sono não vem? Tentei ler, ver TV, escrever e nada! Quando finalmente adormeci já era hora de levantar, ou melhor já havia passado do horário, eu estava atrasada; corri feito louca, não tomei café, coisa que me deixa com um mau humor terrível. Cheguei com mais de uma hora de atraso e claro que levei uma bronca do meu chefe. Enfim, suspirei e fui olhar minha agenda: a reunião com os clientes que iriam comprar a cobertura... Iriam! Liguei para eles, me desculpando e tentando agendar um novo horário, mas eles me disseram que esse meu não comparecimento era um "aviso" para não fechar o negócio. Que dia! Uma sexta feira, véspera de sábado e um feriado na segunda e, é claro que eu não queria "pegar" o plantão de vendas desse final de semana; fiquei atenta esperando a escala e quando finalmente saiu, corri pra ver, tropecei, cai feito uma "jaca" - todos os colegas fizeram um concerto quase sinfônico de risos e gargalhadas...  E lá estava meu "santo nome" - ui que raiva! Toca meu celular, meu gerente me lembrando que eu teria que cobrir meu saldo devedor. Como? Pensei eu. Garanti que na terça o faria. Bom, vamos lá, força! Levantei para pegar um café, pois estava em jejum, claro que derrubei na minha roupa, que por sinal era nova e nem havia pago ainda, tentei lavar na pia do banheiro, ficou menos ruim; me olhei no espelho parecia uma assombração, com umas olheiras, pálida... Deixa eu fazer uma maquiagem para ver se melhora. Disfarçou um pouquinho, voltei para minha mesa, fui abrir meus e-mails, e mais uma surpresa ruim: meu namorado terminando comigo, pensem! Pela Internet! Minha maquiagem foi por água abaixo. Não  pelo término em si, mas pela forma. Reaja! Voltei para o banheiro e novamente me arrumei.
Enfim, hora do almoço, não quis a companhia de nenhum colega, eu precisava ficar sozinha, chorar mais um pouco  senão sobraria para alguém. Dei um tempo e fui para um restaurante que eu sabia que estaria meio vazio, e a duas quadras dali começou a chover e, claro, me molhei. E o que era ruim (minha aparência) ficou bem pior. Meu cabelo parecia "macarrão al dente", minha roupa com àquela quase mancha de café ficou mais visível... Sentei na primeira mesa, logo de cara pedi um drinque, coisa que nunca faço, mas eu precisava, juro! Meu coração estava estranho, quase gelado. Foi quando veio em minha direção uma moça, com umas rosas nas mãos, eu nem deixei ela falar, de cara fui falando: por favor não quero comprar nada, não me enche, me deixe em paz, que coisa que um ser humano não tem o direito de sossego?! Sempre tem alguém como você pra piorar a situação com essas porcarias de rosas! As mesas em volta nos olhavam com expressões diversas. Me levantei e fui ao toalete. Mas, minha vontade era voltar lá e falar mais um monte de asneiras, jogar nela toda minha raiva. E foi isso que eu fiz, voltei. Mas ela já tinha ido, em cima da mesa estava uma rosa e um papel dobrado. Não me dei o trabalho de ler, pedi a conta e sai apressada. Quer saber? Vou pra casa, que se dane o trabalho, o chefe, o mundo... Tudo que eu queria é me deitar, olhar para o teto e chorar. Foi o que fiz, dormi. Quando acordei estava tudo escuro, não sei quantas horas chorei, quantas horas dormi, só sei que eu parecia vazia.
O telefone tocou, não atendi, meu celular idem. Decidi que ficaria ali, quieta, não queria falar, nem ouvir ninguém, mas eu era obrigada a ouvir a música que vinha do apartamento ao lado. Eu tentava não prestar atenção na letra, mas não tinha como, era assim: se agora você chora, depois vai sorrir... Era isso. Eu não era a primeira que teve um dia ruim, que se atrasa; perde um negócio; mancha a roupa nova; estoura o limite do banco; cai; leva um fora do namorado... Fui pro banho, com o coração menos gelado. Deixei a água quente lavar meu corpo e minha alma. Sai do banho me sentindo um pouco melhor, resolvi ver meu celular e tinha uma mensagem: amanhã sábado, estaremos no seu escritório para fechar a compra da cobertura, sem falta... Li, reli, enfim uma notícia boa. Meu chefe liga em seguida, me perguntando: "O que houve? Já tentei falar contigo várias vezes! Como vai sair "aquela venda" pela manhã, logo em seguida você poderá aproveitar o final de semana com o feriado. Desculpa pela bronca!" Meu queixo só não caiu porque segurei com as duas mãos. Finalmente o meu dia ruim estava terminando e quase não me lembrava do ex. Resolvi arrumar minha bolsa, encontrei a rosa e a folha de papel, como elas foram parar ali?  Não sei, acho que na hora do "chilique" peguei sem perceber. Li: "Sei que não te conheço, mas isso não tem importância, porque depois de tantos dias amargos que passei o que vale é cumprir minha promessa. Prometi que assim que eu tivesse alta de uma doença terrível, eu daria uma rosa para quem parecesse estar sofrendo e vi em você muito sofrimento. Só queria que você soubesse que  para tudo existe um fim e para vida existe muitos caminhos, um deles é Deus e o outro é um bom amigo. Eu só queria lhe oferecer uma rosa e minha amizade." Chorei muito mais do que antes, um choro que saia diretamente da alma. Como pude ser tão insensível, tão cruel? Quem que não passa, vez ou outra, por situações difíceis? Tudo que eu precisava fazer com urgência era achar aquela moça... E o fiz, perdi perdão e nos tornamos grandes amigas. Hoje não deixo "qualquer coisa" estragar meu dia.
Foto: Marina Antunes Polak.

21 janeiro, 2011

" ou " 3

A casa fechou
O pano rasgou


A vaca engasgou
O leite cessou


A cama quebrou
O homem ganhou


A tia mudou
O tempo voou


A filha casou
O cachorro rosnou


A lua aumentou
O portão fechou


A planta brotou
O rio multiplicou


A verdade selou
O mal acabou


A esperança renovou
O menino alcançou


Agora, realmente acabou!

" eu " 2

A casa espremeu
O pano encolheu


A vaca comeu
O leite endureceu


A cama sou eu
O homem venceu


A tia perdeu
O tempo correu


A filha escreveu
O cachorro envelheceu


A lua apareceu
O portão prendeu


A planta morreu
O rio permaneceu


A verdade venceu
O mal perdeu


A esperança renasceu
O menino cresceu

20 janeiro, 2011

" iu " 1

A casa explodiu                                
O pano sumiu                                


A vaca mugiu                                       
O leite subiu                                     


A cama partiu                                  
O homem saiu


A tia pariu
O tempo fugiu


A filha pediu
O cachorro latiu


A lua surgiu
O portão abriu


A planta floriu
O rio fluiu


A maldade faliu
O bem interagiu


A lágrima caiu
O sol seguiu


A esperança persistiu
O menino sorriu


A cena? Acabou!

05 janeiro, 2011

Para Fernanda

Fer,


"Todo caminho por mais longo que seja precisa haver um começo e o seu está começando, com tanta determinação, com tanta garra. Claro que há muito o que caminhar, mas a sua jornada está no inicio por puro mérito. Sei que seus pais, a quem muito admiro, estão sempre segurando em suas mãos, mas agora "esse caminho" será só seu e sei que você conseguirá ir até o fim, primeiro porque você é aquilo que chamo de "saber o que não quer"; e segundo, que todos nós aqui estaremos contigo, mesmo com essa distância imensa, mas nossas orações sempre chegarão como uma bênção direta de Deus. Vá ser feliz, por onde seus pés andarem, por onde seus sonhos possam ser reais, porque é fácil ir sabendo como será, difícil é buscar o diferente, o novo, o desconhecido e é isso que vejo em você, sempre atrás de grandes sonhos, daquilo que se chama desafio, até ter certeza que realmente este é o caminho. Ir e vir deve ser um ato de sabedoria, de acertos e grandes alegrias, como você."



Sei que haverá o que chorar, haverá saudades, solidão... Mas haverá grandes recompensas, haverá tempo para muitos risos, para muitos abraços, muitas presenças... O importante é você estar centrada nos objetivos, nas metas e com sua vontade e força, tudo será.
Vi você indo atrás do visto, com um olhar certo, mesmo com todo estresse da viagem até São Paulo, chuva, trânsito, cansaço, falta de táxi... Mesmo com tudo isso havia uma certeza, havia crédito em seus olhos, tanto que deu tudo certo, logo depois na volta, quando te vi dormindo, chorei com uma prece e pedi a Deus que te faça cada vez mais forte, feliz...


Se todos os sonhos fossem como os seus, de começar e saber que não é este e novamente recomeçar, até em tão saber que caminho trilhar, todos seríamos, pelo menos, menos indecisos. Sei que na sua cabeça tudo se mistura, se perde, mas se acha. O mais importante é a sua certeza naquilo que sabes que é o que "não quer". Eu, particularmente, admiro pessoas assim, acho mais fácil, menos sofrido não ir somente por ir. Se for preciso é só recomeçar mil vezes, mas seguir... Pelo simples fato de saber o que realmente não se quer ser,  descartar, fazer e assim: buscar o que ser, o que fazer novamente... Parabéns! Você sempre terá em nós pessoas que antes de qualquer desafio, meta, sonho, estarão com as mãos em prece para sua realização e felicidade. Seja onde for, sei que serás feliz, porque o que você vai buscar, será alcançado. Não tenha tanto medo, somente o necessário para não ir além do permitido, não se sinta tão só, porque longe é um lugar que não existe, não esqueça que o céu é o mesmo, seja em qualquer lugar do nosso mundo, mesmo que pareça com mais ou menos sol, estrelas... O nosso céu será sempre o mesmo.




Alguns anos atrás me separei de minha família, amigos... Claro que não fui para outro país, mas as circunstâncias eram as mesmas. Confesso que foi uma experiência marcante: cresci, amadureci, reconheci e conheci os meus verdadeiros amores e principalmente me conheci como pessoa,  pude travar guerras pessoais e contar exclusivamente comigo mesma e com Deus. Nossas histórias são diferentes, porém com a mesma filosofia: seja você, confie em você e naquilo que seus pais te deram de maior valor...


Leve contigo um pedacinho de cada um de nós e tenha certeza que nossos melhores pensamentos estarão em seu coração...


Mil beijos e vá com Deus!

03 janeiro, 2011

Férias, Pescaria e a Lição

Férias é sinônimo de não fazer nada ou fazer somente o que não custa esforço, tempo, ou ainda fazer somente o que se dá prazer, alegria... Isso quem me ensinou foi meu pai.  Me lembro de nós (eu e meus irmãos) ainda crianças, quando pegávamos férias, ele nos proibia de usar relógio, não tínhamos horário para nada, comíamos quando tínhamos fome, dormíamos  o tempo que quiséssemos. Eu lia um livro atrás do outro, misturando uma história na outra, mas o que mais gostava, não só eu, como meus irmãos era pescar, claro com a presença e autoridade do nosso pai, que tudo sabia nesse assunto. E também os amigos dos amigos, (aparecia cada figura), todos na ânsia de participar da alegria que era estar com ele. Todos os preparativos eram de maneira corretamente elaborada, redes, tarrafas, varas, anzóis, barracas, caixa de isopor, mantimentos, carvão, carnes e muitas bebidas. Tudo era pura euforia, claro que só iam homens e os meninos fazendo de conta que eram gente grande, mas todo o ritual era de pura magia. Eu ia até o sitio dos meus tios em Guapirama e os demais seguiam para o rio (Cinzas), de vez em quando eu e minhas primas davamos uma chegada até lá, só pra ver a farra, os peixes e com certeza os "meninos".
Nessas idas para o rio, uma vez meu pai permitiu que eu fosse e ficasse com eles, várias vezes tentei pescar e nada. Todos pegavam, menos eu, me sentia frustrada e a todo custo eu queria mostrar a meu pai que eu sabia pescar. Andei na beira do rio, quase chorando, até que achei um peixe morto, já em decomposição, mas finalmente pude gritar dizendo que havia pego um, claro que não tive dificuldade para colocá-lo no anzol, mas confesso tive um nojo. O que eu queria realmente era  impressionar meu pai e eu estava certa que havia conseguido, até que  algum tempo depois ele veio com um prato e um peixe frito pra eu comer, eu disse que não queria, ele insistiu, mas eu me lembrava daquele peixinho liso, cheirando mal, (ui que nojo). Como eu poderia confessar que não pesquei, que eu o enganei. Eu não poderia comer aquilo e olha que eu gosto de peixe. Relutei e fiquei calada, foi então que ele disse que comeria o peixinho que a "filhinha" dele "pescou". Não pude permitir, não era justo, afinal eu havia trapaceado, enganado meu pai. Gritei, confessei mas não deu tempo, numa bocada só, engoliu o bicho, chorei um monte, pedi perdão com vergonha da minha atitude. Ele feliz com um sorriso maior que tudo me falou que aquele não era o meu peixe e sim o dele, porque o meu estava tão "passado" que desmanchou-se. O que ele realmente queria era me dar uma lição e conseguiu. Até hoje, muitos anos depois me lembro disso e choro de rir, não se engana um pescador, muito menos alguém que tinha fama ser o "boi d'água".


* Hoje é aniversário do Daniel, meu irmão que acompanhou meu pai em muitas pescarias...
Feliz níver, feliz vida!

02 janeiro, 2011

O que me tira o sono?


O que me tira o sono?

.Falaram que eu falei sem eu ter falado;
.O que pensam ao meu respeito;
·De pensar o que tenho pra terminar e nem comecei...
.Pensando no que faria se eu ganhasse na mega sena;
.Pensando no que tenho pra fazer no dia seguinte;
·Pensando na viagem que vou fazer;
.Nos gastos que terei;
.Nas contas pra pagar;
.No futuro;
.No perigo que é não sentir medo;
.Na presidente, veta ou não veta?
.Na reforma da casa;
.No carro novo do vizinho;

.De verdade? 
.Nada disso me tira o sono!

. O que me tira o sono é me perder na contagem dos carneirinhos e ter começar tudo outra vez.
Foto divulgação internet

Sempre serei eu

Estou me sentindo imensa, parece que engoli um boi inteiro e nem boi comi. Por onde vou vejo essa figura de gente imensa, cheias de alguma coisa, além do normal, habitual... Uns porque realmente comeram além da conta, outros porque ano novo se enchem de novas forças, o que é meu caso, em cada pessoa que vejo imagino o melhor dela e o melhor para ela, acreditando no retorno. Acreditando que possamos ser melhores em todos os aspectos. Estou bem cansada de me achar sozinha, única e talvez quase uma ET. Chega desse drama, dessa falta do que fazer, mesmo porque o que mais tenho é o que fazer, gosto de me encher de metas e ir fazendo, cumprindo... Como se eu fosse o meu patrão, chefe, como se eu recebesse ordem de mim mesma e sempre me questionando para ser, fazer melhor. Às vezes penso que sou meio de outro mundo, ou sou duas, uma com os pés no chão, ciente, presente. Outra de cabeça voada, despreocupada, sem hora, sem preocupação, que senta e viaja nas palavras, nos contos e alcança o que busca, sem perceber, sou o que sempre gostei de ser: eu.

Claro que uma trabalha, cuida da casa, da família, briga, chora, ri, se zanga... Outra faz tudo isso de uma maneira certa, sem erros, sem culpas e o que incomoda, apaga, desfaz e consegue dar um final, às vezes sem nexo, sem fim, mas consegue terminar ali o que aflige.

Se sou duas de mim, posso ter mais tempo para existir, pelo menos nas palavras que falam, que ouvem e principalmente no coração... Mesmo eu sendo duas, sempre serei eu.