31 agosto, 2011

Dependência


Eu não queria te amar tanto.
Eu não queria te buscar como busco.
Nem mesmo te falar, nem ouvir.
Ouço uma música e te vejo nela;
Leio um poema e você está nele.
Olho pela janela e num vulto alheio é você
quem passa.
Nem da sombra eu te deixo escapar.
Eu não queria viver pensando em ti;
o meu pensamento é você, é seu.
O seu nome repito de várias maneiras.
Escapa-me o som, é o meu lábio querendo o seu.
Sou totalmente dependente.
Sou inteiramente eu em você;
é como um vício, uma doença.
Não sei... Só sei que não vivo sem você.




29 agosto, 2011

Assaz

Procurei dentro de mim uma definição para descrever o que sinto de maior valor. Talvez eu tenha sido mera coadjuvante da minha própria vida e isso não tem me bastado, porque é demais o quero sentir, é demais o que viver. Não posso colocar em ordem, se não há ordem.

Simplesmente existe um caminho com muitos obstáculos, que é bem real, e a cada conquista o caminho fica mais longo, deveria ser ao contrário, mas cá entre nós, de etapa em etapa, o fim corre atrás do meu pescoço. Não queira me entender, não sou dicionário, muito menos demente, sou apenas ádvena. Não me julgar já me basta. E pouco me importa o trem que passa, não vou nele, vou em mim, carregando minha bagagem, bem pesada por sinal. 
De tanto aprender esqueço-me de ensinar, quando me mostro não há quem queira ver. 
Caminho solitário. Onde estão todos?
Não importa o eixo, nem o desleixo se o que realmente quero é o assaz de todos. É ai que mora meu sentido.


Assaz: muito, bastante.
Ádvena: estranho, exótico.



Foto: Marina Antunes Polak.

25 agosto, 2011

Preciso ouvir, preciso falar...

Para um coração...

Meu coração é dengoso, teimoso, é um dependente, carente precisa ouvir. 
Sinto uma necessidade tamanha de dizer. Gosto de saber que a boca fala o que o coração sente. Gosto das palavras, gosto do encanto de ouvir, soa como música.

Minha expressão preferida é a palavra dita e escrita. Não me vejo sem expressá-la, não sou mudo, não mudo minha fala, só acrescento verdades – às vezes inventadas.
As verdades precisam ser ditas, senão serão esquecidas.

O tempo passa e cada vez mais tudo fica mais distante, mais longe. 
Os sentimentos solidificam, fincam como raiz profunda. Cravam no escuro, no intimo da terra. Não acabará, porém não será mais acrescido. 
Vivemos uma vida inteira e não colocamos os pontos, as linhas. Traçamos planos, alguns construímos, outros esquecemos. 
E as palavras? Onde estão? Preciso ouvir minha música...

O tempo passa e aos poucos apaga o traço de sobras, de riscos maus escritos. O que antes era eternizados nas promessas, hoje é pouco visto e muito calado. Não gosto de silêncio entre duas pessoas.

À noite já se fazem presente, de nós dois ausentes. Não somente de presença física, mas de almas. Falamos uma linguagem grega, não condiz com o início, com as promessas feitas.  O que me preocupa é o jardim por cuidar, as flores que precisam de cuidados. Essa flor chamada você, essa flor chamado eu. Quem nos cuidará?
O tempo cada vez passa e passamos juntos, para um tempo escasso do agora urgente e necessário de falar: eu te amo, mas que sentido, eu preciso ouvir de ti, em qualquer tempo. Acredito que as palavras têm o poder de eternizar.

Temo o tempo. É um receio quase pânico de não lhe fazer feliz, de não ser feliz.
Quem cala o amor, não sente. 
Então grito: EU TE AMO!

16 agosto, 2011

Eu confio...



Eu confio tanto em mim que não me importo nem um pouco com conversas fiadas. Aquelas do tipo que falam sem saber. 
Não me preocupo com olhares de piedade, nem de censura, muito menos de recriminação. Porque me conheço, sou capaz de distinguir o que é bom ou ruim. 
Falo na primeira pessoa que sou. Falo de mim. 
Não deixo de dormir pelo que pensam ao meu respeito, nem sequer sobre minha aparência. Sou aquilo que minha consciência me fala. 
Não condeno, não julgo, não atrapalho... 
Não sou dona de nada, além do meu caráter, portanto, sei o que posso ser e fazer. Se falarem alguma coisa é porque transmito alguma coisa, ou porque esses que falam não sabem que eu confio muito em mim e nada é capaz de me fazer desacreditar no bem que me faço. 

Eu confiava...

"Escrevi a pedido de uma amiga (RC)"



Descobri de uma forma dolorida que nem sempre a confiança sairá vencedora.

Que entre duas pessoas, infelizmente existe alguém que não corresponde à veracidade de um sentimento.
Dei-me de uma maneira ingênua acreditei que poderia ser feliz. Uma felicidade lúcida com todas as tempestades, reação e correção normal, superando e desatando os nós. 
Não posso me culpar somente, porque tenho consciência do quanto fiz e refiz para ser o seu melhor. O seu melhor amparo. Definitivamente sonhei sozinha.
Hoje quando me olho e vejo que não sou mais uma criança, de certa maneira me desespero, porque o que mais quero é ter além de mim, um alguém em que eu possa confiar. Eu apostei tudo em você, em nós.
Parei para pensar, refletir. O que sou para você?

Alguém que pode te abraçar, falar, agradar...
Alguém que se deixa de lado, para te colocar à frente. Tento adivinhar seu desejo, sua vontade...
Coloco-te acima de coisas que me são importantes.
Arrumo-me para os seus olhos.
Falo o que você precisa ouvir.
Nego quem sou para você ser.
E para que tudo isso?
Se não há, não houve trocas.

E tudo que eu queria é sentir seus braços num abraço. Não consigo enganar meu coração, sentirei sua falta como um todo. Falta de uma pessoa que eu pensei existir. Mas preciso me refazer, me erguer. Não posso viver sem ter um lugar em você. Lugar certo, lugar onde eu possa dizer sem medo, sem culpa, sem receio. Lugar onde eu poderia confiar.

Sem reciprocidade jamais haverá confiança.
Essa reflexão só foi feita na primeira pessoa: eu!

Eu poderia te contar mil histórias, descrever em detalhes tudo que sou, tudo que tenho e te convencer que sou a melhor. Mas nada disso valeria, se no fundo não sei se é isso que você espera. Porque sou humana e como tal alheia a sua vida, não sei exatamente o que te prende a mim. O que posso dizer de real é o que me prendia a você: antes, eu te via melhor do que realmente és. Cansei, a máscara caiu e finalmente te enxerguei, você não merece nada de mim. Esse sonho que falo é só meu. Puro engano e como tal esquecerei. 
Já tive outras dores e superei.
Se eu não posso ter o seu melhor, você também não merece o meu, simples assim.
De certa forma me sinto leve, melhor. Pude finalmente ver que um caminho é tão longo, quando quem caminha ao nosso lado não existe. O que eu via em ti, criei, inventei... Você não mais existe em mim.




Relato, fato... Não importa, o importante é ser correspondido: amor, amizade, lealdade... Ser feliz!

07 agosto, 2011

Amigo é ser encantado...



O amigo é um ser encantado 
coloca-me em pé.
Muitas vezes me obriga.
Prega-me numa haste
é como fenda no chão,
e ainda põe uma música
em meu coração.
Quando digo que não quero mais.
Mostra-me o quanto vale acreditar.
Amigo que não me deixa esquecer
que mais vale lutar do que deixar
de ser.
Amigo de verdade que me entende
nas entrelinhas, na voz
Sem ao menos eu falar.
Mostra-se sem eu pedir
e me encanta com sua maneira de
simples de dizer: eu preciso de você.
Amigo é um ser encantado, tem o dom
de me fazer feliz.
Amigo é um ser encantado que encanta
meu viver.

03 agosto, 2011

Tenho esperança, não ilusão!



Talvez um dia eu habite nessa casa feliz...

Não gosto de sonhar, nunca gostei.  É decepcionante quando acordo e me vejo na realidade, frustra minha vida. É como inventar um amor que não existe, uma casa colorida, uma beleza inerte, ausente. Nada do que fiz é, nada do que tenho é meu. Parece um filme, uma fita fria. Definitivamente não gosto. 

Planos são diferentes, pelo menos os meus. Faço-os até onde sei que posso. Pés no chão sem expectativas maiores, ainda assim me decepciono, mas é menos frustrante, menos dolorido.

Mais ainda é embarcar num sonho que não é meu, uma viagem só de ida. Quando quero voltar não acho o caminho, me vejo sozinho. Porque sonho é quase sempre único.

Não gosto de embarcar onde eu não possa ver o horizonte, a fonte. Gosto de ter os pés bem calçados, a voz bem falada e acima de tudo colaboração, senão qualquer sonho torna-se um pesadelo. 

Ouso dizer que sonho para ser bom, só dormindo. Sonhar acordado é coisa de ilusão. E não tenho mais fantasias que eu não possa vestir. Isso não quer dizer que eu não tenha esperança, tenho e acredito que talvez um dia eu habite nessa casa feliz. Talvez, o talvez seja um sonho e eu nunca gostei.




Tenho esperança, não ilusão!