28 fevereiro, 2012

Se...

Se falo o que penso
Se não falo
Se não apareço
Se vou
Se volto
Se canto desafinado
Se digo que amo
Se não digo
Se brigo
Se estou feliz
Se defendo alguém
Se me arrumo
Se digo não
Se digo sim
Se acerto
Se erro
Se sou alguém
Se não estou para ninguém
Se, se... esqueço.
Se por tantos "se" sou esquisito, então serei!


Foto: Izabel Demarchi

25 fevereiro, 2012

Seja a medida de si mesmo e examine o seu próprio coração, depois, se puder, julgue alguém.


Foto: divulgação.

23 fevereiro, 2012

O Amanhã


Existem formas diferentes de ver a vida, o mundo. De entender o significado de coisas, de pessoas...

         Uma amiga me contou que quando ela era criança, quando sua mãe fazia um doce, uma sobremesa, ela sempre pedia um pedaço. A mãe dizia que era para amanhã. No dia seguinte eles comiam o doce, e a tal pessoa chamada "amanhã" não chegava.

     Pensando bem, o nosso amanhã é como "alguém" muito especial. No entanto, talvez, ele  nunca venha, mas se vier, saboreia.

* Para você Miriam Mariani, pela história, pela amizade, pelas muitas vezes que me mostrou que o amanhã será melhor.



22 fevereiro, 2012

Essa coisa...



            Existe uma coisa que nos move e nos leva. Talvez seja o tempo, a própria vida seguindo os rumos, os muros, as vilas. 
    
Essa coisa de não parar, não desistir, de sempre prosseguir.  Esse saber interior, nosso, de que não se estaciona o que foi feito para perdurar, na esperança que de alguma forma sejamos eternos.  
De vez em quando na rabeira, noutra na contramão, ou ainda lá na frente. Tão lá na frente que paramos só pra ver quem vem depois. E esse depois, muitas vezes é simplesmente nossa sombra, nosso fantasma. 
Quem nessa vida  chega a algum lugar sozinho? Ou se chega, deve chegar tão vazio, tão triste. Solidão é como um pescador em alto mar: deve falar com o sol, o vento. Fala e não tem resposta, fala e cala.
E essa coisa que só leva, não trás, não espera. Leva as dores, as alegrias. Enfim, tira alguma coisa, qualquer coisa. Tira uma tira, uma lasca daquilo que chamamos de hoje. 
Quando damos conta, a tira virou uma tábua inteira. E tudo já passou passando, sem ao menos entendermos que essa coisa se chama viver.




21 fevereiro, 2012

Para mim não existe meias verdades, meio tempo, meio coração... Meias só para os pés e, ainda, assim, só no inverno.



Apesar da distância, nosso céu é o mesmo...

Foto: divulgação internet


Sem temer o que sinto, consigo prosseguir...
Sem temer de mim, vivo.
Adriana Antunes Polak e Evandro Schueda.



Foto: divulgação internet

Daqui pra frente só quero dores pequenas. Aquelas que passam rapidamente, que são resolvidas com um abraço ou um sapato novo. Será possível?



Foto: divulgação internet

Que nunca nos falte amor


Pode faltar o chão, o pão. 
Mas nunca, jamais poderá nos faltar essa força que mantêm meus olhos aos seus. Meus pés andando com seus, minhas mãos segurando as suas. 
Posso ter tudo e não ser ninguém sem você em mim. 
Posso ganhar tudo, se não for amor, serei eternamente pobre. 
Às vezes me pergunto: Para onde irei se você não me esperar?
Como irei? Se você é quem me faz caminhar.
Quem pode me culpar se tudo que tenho é amor?
Quem nos culpará se é só bem que nos fazemos?
Não deixe o depois nos separar.
Não deixe questões por perguntar.
Não é o que temos que nos nutrem, é o que sentimos.

Amor seu, meu...
O amor que movimenta, aumenta, sustenta.
Que nunca nos falte amor.
Que nunca nos falte o nosso amor.
Foto: divulgação internet

16 fevereiro, 2012

Por enquanto




Por enquanto
Encanto-me;
Dou-me;
Sirvo-me;
Amo-me;
Brigo-me;
Choro-me;
Vivo-me.

Por enquanto,
Aguentem-me.

Por enquanto,
Aguento-te.

Por enquanto sou.
Por enquanto és.
Por enquanto somos.




Foto: divulgação internet

15 fevereiro, 2012

Não me deixe


Não deixe que o medo te consuma;
Não deixe que a tristeza te domine;
Não deixe que a solidão lhe trague;
Não deixe que os outros estraguem o seu dia;
Não deixe que os ignorantes abalem sua fé;
Não deixe que a mentira esconda suas verdades;
Não deixe que escuridão apague suas estrelas;
Não deixe que suas flores fiquem sem cuidados;
Não deixe que as mágoas esqueçam o seu motivo de alegria;
Não deixe que a distância nos separe;
Não me deixe.


08 fevereiro, 2012

Real


Já andei por muitos lugares.
Já estive com muitas pessoas.
Num instante estou lá, noutro estou cá.
Solto, prendo.
Sou mil, sou uma.
Já fui pássaro, anjo, má...
Já imaginei igualdade, santidade, felicidade, outra idade...
Já fiz filmes, escrevi livros.
Já ganhei o prêmio Nobel.
Já dei entrevistas para o Jô Soares.
Já viajei o mundo, já estive nas estrelas, brinquei na lua.
Já vesti, usei Armani, Vogue, Victor Hugo.
Já pilotei avião, dirigi caminhão, Ferrari.
BUM! Que susto!
Acordei, voltei a lavar o chão, mas com muita imaginação.




O banho

O banho

          

            Nestes dias de calor intenso, sempre me vem à cabeça um episódio que ocorreu quando eu ainda era criança. Eu e meu irmão Marcelo sempre fomos grandes companheiros de aventuras.

            Certa vez, nosso avô paterno fora passar alguns dias conosco. E mesmo no verão de 36/38 graus, nosso avô com seus 85 anos, senil de idade e com um jeito de viver bem particular, não se deixava levar pelos argumentos dos outros. 

 Fumava cachimbo e o odor misturava-se com  a falta de banho e passava dias assim, sem que ninguém o convencesse.

  Embora fosse um homem espirituoso, de bom papo, contava histórias de pescador e de assombração, não gostava de ducha, dizia que não tinha feito nada que necessitasse de chuveiro. Vez ou outra, em ocasiões espaciais tomava um banho rápido, fora isso lavava os pés toda a semana.

  Gostávamos de sua companhia, mas o odor atrapalhava nosso convívio.

Numa tarde de sol cáustico, ele sentado no jardim com o tal cachimbo, e eu e o Marcelo ali, sujeitos aos odores. Foi então que minha cabeça brilhante teve uma ideia: 

            – Vamos dar um banho no vovô?

Meu irmão não pensou duas vezes, correu pegou sabonete, xampu, toalha. E ali mesmo, de mangueira, começamos o trabalho. Tiramos sua camisa de mangas longas e o deixamos com uma camiseta que ele usava por baixo.

Começamos logo de cara pela cabeça, como quem rega uma planta sensível começamos devagar, mas logo fomos abrindo mais e mais a torneira e entre risos e esfregação a água escorria encardida, fria. Vovô tremia brrr brrr...

Lavamos até o cachimbo. O pobre não falava, somente balbuciava e tremia e tremia. Meu irmão teve a delicadeza de pedir licença e lavar as partes baixas. Os pés sobraram para mim. Usei pedra-pomes e ralei tanto aqueles pés que, depois, parecia bumbum de bebê.

Trabalho completo: penteamos o cabelo ralo, cortamos as unhas, passamos talco e passei um brilho em seus lábios, que não sei o porquê estava meio roxo. Tão logo o avozinho começou a ter um chilique, foi caindo de banda. Chamamos minha mãe aos berros, que não acreditava na cena.

 

Conclusão: Nosso avô teve uma pneumonia e ficou uma semana internado (o que ameniza um pouco minha culpa: ele foi para  cheiroso para o hospital). E quanto a nós? Bem, deixa pra lá! 


Hoje em dia meu avô não existe mais, nem o jardim, somente a lembrança e a saudade da pessoa maravilhosa e das nossas peripécias.




05 fevereiro, 2012

Faces

Verdade seja dita, passamos tanto tempo com máscaras que quando é preciso ser verdadeiro não sabemos a face que precisamos usar. 
Talvez, a hora certa seja em frente ao espelho, quando nos despir de toda mania de grandeza e de achar que somos inacabáveis. Sim, um dia somos jovens, atrevidos, no outro somos o agora, sem mais nem menos passamos para outra linha. 
Vemos a juventude passando por nós e na ansiedade de acompanhar, passamos o caricato, não nosso, mas de alguém que se esquece de tirar a máscara. 
Quem sabe podemos aceitar a mudança de cada ano, de cada frisado. Talvez haja necessidade de coragem, muita coragem para perceber o poder de cada tempo, de maturidade.  
Verdades, mentiras. 
O que realmente precisamos é nos vestir de nós mesmos, em cada idade. 


Foto: divulgação internet

03 fevereiro, 2012

Segredo


O rio abaixo baixou águas em segredo.
Sequei com sol o solo de minhas vestes.
Tão preocupante.
Tão rasante.
Tão quente.
Calor, pavor, favor.
Não sossega mesmo na sombra.
Não refresca o pescoço.
Adormeço, esqueço.
Do rio que chorou.
Do vale verde que acabou.
Da menina que sonhou.
Resto, restou o segredo.
Meus segredos não digo.
Não necessitam de ecos.
Guardam-se como águas.
Que escapam pelas mãos.
Apenas vão, sem nada dizer.