26 abril, 2012

Trajetórias

 

É na carreira que se diz o que se é.

É na caminhada que se leva a bagagem, as traias.

É na estrada que se aprende crescer e escrever histórias. 

São os golpes que moldam nosso caráter, uns aprendem a se sobressair dos atoleiros, outros se afundam como minhocas, misturando-se a própria lama.

            É na carreira dos caminhos, não na carreira da pressa ou da graduação. Porque nenhuma, nem a outra diferem a presença do bem maior que possa existir em cada um. 

         Na caminhada deixamos nossa significante afeição com o que realmente vale. E o que vale? 

        Uma valência é o recanto do descanso, descanso por inteiro, sem mancha, sem mágoa, sem o peso triste de viver por viver.

Chegar lá na frente com a certeza que a trilha foi transformada pela beleza própria, não por artifícios do vazio de quem ficou a espera do bonde. Um bonde que não faz parada, simplesmente segue a procura de quem sabe que existe um ponto final, mas enquanto não trilha esse curso, não se chega a lugar algum, muito menos se faz grande.

A grandeza do percurso está em colher de cada situação o aprendizado e que nem tudo depende exclusivamente de nós, mas que caminho escolhemos traçar e, mais ainda, com que caminhamos.

Façamos nossas escolhas.

Foto: divulgação internet

24 abril, 2012

Apenas estrelas...


Independente do dia, com ou sem sol,  sempre espero as estrelas.

            Ultimamente ando bem sem arranco: me falta entusiasmo, noção de ânimo. Vou me arrastando, encostando-me aos pilares, como se disso dependesse meus dias.  Na verdade, pouca coisa me põe para cima, a não ser esperar a noite chegar e com ela as estrelas. 
              É uma força fina, corajosa por acreditar que até elas se esbarram, ou se seguram para não despencarem. Até elas estão amarradas umas nas outras como se sustentassem um Universo pequeno (como se fosse possível ser pequeno, muito pequeno), e o olho pudesse alcançar todas elas, chamando-as pelos nomes,  pela grandeza de cada uma.

                 A noite me faz companhia, as estrelas me inspiram e me imagino segura e atrevida, sem medo, sem destino, sem saber as perguntas e as respostas da vida. Entretanto, nem quero! Já passei dessa fase de perguntar, responder. Talvez seja realmente o cansaço, a fadiga que me deixa sem ação, sem noção.

            Tenho deixando as reticências fazerem o contexto por todos e de todos, principalmente, os meus. Ando maçada de ter que explicar o porquê sorrio,  choro... Por quê? 
               Prefiro esconder meu real estado, ou esperar as estrelas, porque sei que pela manhã elas não aparecem, mas que existem e esperam somente a hora de serem estrelas, apenas estrelas.
                Eu queria ser uma estrela!

20 abril, 2012

Beijo azul




Até que o dia mude de cor e eu mude de humor.

Vou arrancando o gosto cítrico, vou mudando as cores do meu eu. Busco o azul, o que me acalma e exara no meu peito a ânsia de ser feliz. Uma busca constante de querer vincular os sentimentos às pessoas. Pessoas que alimentam o bem, o mal... 
De repente se deixo o azul sair, o pior fica em mim. Mas não sou de todo ruim, sou o que aprendo conduzir, consumir.

Conduzo a condição ou a condição me conduz, não sei ao certo, não sei em que grau, em que ordem. 
Consumo o alimento necessário para mudar o gosto, o posto e por mais que não queira, sofro. Um sofrimento sigiloso, quase nulo para quem me vê. Mas o que importa é a força da cor.
Meu amor é anil.

Vou arrancando a coragem de dentro do meu cerne, até o azul predominar todas as nuances, todas as nuvens escuras que possa existir, até minha boca poder beijar um beijo azul.



17 abril, 2012

Tempo II


O tempo me alcança todos os dias.
Quando penso que me esqueceu, lá vem ele de novo,  fazendo-se coevo, dono de mim, dono de tudo.
E já se faz atrevido, confiante, passante. Passa à minha frente, sem demora, sem receio.

Espera e me desespera com uma razão absoluta e absurdamente agente da minha vontade, não me silencia, mas também não me ouve, só passa, só vai,  às vezes ao meu lado, outras bem à frente.

O tempo não dorme, não esquece. O tempo me acompanha e conta minha história numa rapidez, sem me dar tempo para passar a limpo os rascunhos de minha estupidez.

Foto divulgação internet


13 abril, 2012

Desencanto

Cadê o encanto?


Falta, falta daquilo que eu acreditava que havia, que podia. Talvez tenha sido pedido demais, talvez tenha exigido demais, talvez tenha esperado o que não cabe esperar, o que não cabe pedir.

Sei que ainda vou sentir dor aqui dentro, sei que ainda vou chorar, não pelo feito, mas pelo que faltou. Uma única palavra me salvaria do medo, da solidão, da estupidez. Uma única atitude salvaria o encanto que eu via, que vivia.

Sinto-me estrangeiro em terra que já fui dono, hoje há deserto em cada esquina... Tudo me separa mais da causa, da casa, da canção. Perdi o encanto, perdi meu ninho, perdi...

Sei que a dor vai me lembrar cada vez que eu fechar a porta atrás de mim, mas sei que nunca mais haverá desenganos, porque nosso encanto ficou em um canto e com pranto escondo em meu manto a dor de te ver partir.