30 dezembro, 2013

Luto, luto




Luto, luto


         Bem na véspera do Natal, pessoas próximas perderam entes queridos e no lugar da festa, houve-se luto. Coloquei-me na dor da separação. A morte é uma separação física, emocional, real...

Fiquei pensando na definição de luto. Segundo o dicionário:

Pesar pelo falecimento de algum ente querido.

Roupa ou faixa, geralmente preta, que exprime esse pesar.

Tristeza profunda.

Ou ainda:

Luto, presente do indicativo do verbo lutar.

 

Quando eu ainda era criança, via a morte como quem vê a viagem de alguém, ou seja, a pessoa foi viajar para um lugar bonito. Ou simplesmente, a pessoa dormiu um sono muito pesado, eterno. 

Tive um irmão que morreu bebezinho, com oito meses, só me lembro de que fiquei feliz porque eu iria passear de carro.  Pouco entendia as lágrimas dos meus pais.  Quando já adulta entendi a perda.  Senti saudade da minha inocência. 

Por outro lado, luto todos os dias. Luto comigo mesma, com perdas pela morte, com perdas pela vida. Às vezes perdemos alguém sem ela morrer. “Este ano fiz algumas perguntas sobre perdas e não obtive respostas, mas é bem isso mesmo, algumas respostas não nos convêm”.

Perdi muito, quebrei coisas sem importância, como copos, pratos, mas quebrei também a cara e o coração. Perdi pessoas que dormiram o “sono profundo”, perdi pessoas que quebraram minha confiança, que quebraram um pedaço da louça em mim.

Enfim, a vida é luto, luto constante.

Sempre penso que “doemos” demais, damos muita importância para coisas que nos dão sem ao menos ter pedido:

Um amor que morreu, sem morrer de fato.

Uma traição de quem nos jurou fidelidade. 

Uma ideia errada, de quem não conhece a verdade. 

E o tempo passa, a dor diminui, às vezes até passa. Fica a saudade, fica a lembrança, fica o que você deixar ficar. 

O que desejo para todos, incluindo a mim: 

Viva o hoje, seja fiel. Todos terão o mesmo destino, sem exceção, portanto, ame, exagere apenas no amor, porque o luto é certo.


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